quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

E na outra noite, ele falou assim:

Eu sigo-te e tu foges. É este o meu destino:
Beber o fel amargo em luminosa taça,
Chorar amargamente um beijo teu, divino,
E rir olhando o vulto altivo da desgraça!

Tu foges-me, e eu sigo o teu olhar bendito;
Por mais que fujas sempre, um sonho há
de alcançar-te;
Se um sonho pode andar todo o infinito
De que serve fugir se um sonho há de
encontrar-te?

Demais, nem eu talvez, perceba se o amor
É este perseguir de raiva , de furor,
Com que eu te sigo assim como os rafeiros
leais.

Ou se é então a fuga eterna, misteriosa,
Com que me foges sempre, ó noite tenebrosa!

Por me fugires, sim, talvez me queiras mais!


[citando, Florbela Espanca]



Depois, ele cantou pra eu dormir...
http://www.youtube.com/watch?v=l0mqavXxSEQ

Titãs cantam, Porque eu sei que é Amor


*

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